Tomando o título emprestado de um poema de Mario de Andrade (“Meditações sobre o Tietê”, de 1945), Se noite fosse água reúne a produção do artista plástico Sergio Fingermann dos últimos 15 anos, apresentando uma extensa seleção de imagens que se relacionam poeticamente entre si, traduzindo as questões plásticas que permeiam sua obra. Singularidade e originalidade se materializam nos temas recorrentes, na evocação da memória, em signos retirados da observação do cotidiano. Associados, esses elementos constroem uma narrativa poética, uma materialidade que dá suporte ao sonho. O aspecto político de seu trabalho tem se evidenciado na publicação de textos que refletem sobre a criação artística, o testemunho da experiência do olhar e a contextualização dessa experiência na história da arte – seus textos, enfim, propõem um questionamento daquilo que é transmissível da criação. Com ensaios de Ana Magalhães (historiadora, curadora e docente do MAC USP) e de Laura Abreu (historiadora e curadora do MNBA-RJ), Se noite fosse água traz 180 trabalhos reproduzidos, e conta ainda com fotos de Cristiano Mascaro e um texto do próprio artista.

SOBRE SERGIO FINGERMANN
Sergio Fingermann (São Paulo, 1953) lançou-se no circuito de arte no final dos anos 1970. Ao longo de mais de trinta anos de atividade, tem apoiado seu fazer artístico na busca de uma poética própria e da precisão do ofício, seja na pintura ou na gravura, seus campos de expressão. Também alimenta a discussão, não só nas artes plásticas, mas em outras áreas do pensamento, mantendo no espaço Contraponto – que coordena com sua mulher, a psicanalista Dominique Fingermann – atividades que privilegiam a interlocução.